Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

o palhaço / fábio de carvalho (15/08/2011)



 o palhaço / fábio de carvalho

Alegre ao infinito
Sorrir tanto que chora
Esconde ele um mito
Alguma triste história?...


Triste ninguém o acha
Chora tanto que rir
E em choro ele se farta
Quando ele sai de si.


No circo? Um esplendor!
Na arena diz: __”Eu sou
o mais feliz do mundo”.


Mas guarda também dor
Talvez por desamor
Próprio, vil e profundo.


Gravatá – Pernambuco, segunda-feira, 15 de agosto de 2011.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

pontilhões saudosos / fábio de carvalho (07/02/2012)


pontilhões saudosos... / fábio de carvalho



Esperei pelo sol n’aquém-mar
justament’em refúgio sereno
vi distant’em meus olhos, pequeno
esplendor de saudade a sangrar.



Minh ‘esperança lançada ao sol-pôr
contemplando’ horizonte compreendo
que a saudade que há é veneno
pro meu peito que sangra em soror...



Mesmo assim fico em prantos no cais
como estátua eterna e bem mais
solitária, mas sempre a buscar...



...pela luz dos teus olhos que faz
os meus brilharem qual fogo que apraz
minh’ agonia por ti no além-mar...




Cortês - Pernambuco, terça-feira, 07 de fevereiro de 2012.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

velhos muros / fábio de carvalho (06/02/2012)

Foto: Fábio de Carvalho - Acervo Pessoal.


velhos muros / fábio de carvalho


Vi-me na porta de chegada...
Como avencas postas à janela
De pé em um vaso, tão singela
Como o verd’esperanç’em fachada.



Contemplei o primeiro momento
Percebi qu’era eu quem bailava
Na janela, um’avenca chorava
Como a chuva em meu esquecimento.



Lá estava eu sozinho com o vaso
Desejava eu findar meu legado
Nos recantos molhados e puros...



Pois até nos lugares mais tristes
O sorriso aparece e persiste
Como avencas lá nos velhos muros...



Cortês - Pernambuco, segunda-feira, 06 de fevereiro de 2012.

carta apresentação / fábio de carvalho (05/02/2012)

"...sinto as coisas como quem sonha acordado, sempre imóvel, para poder observar o que sinto e sentir o que observo...." (Fábio de Carvalho)

Por muito tempo fui aquilo que deveria ser.Hoje sou o que devo ser de fato.
Amanhã, creio, serei o que realmente sou...
Sou aquele que observa as coisas com os olhos da alma.
Prefiro dizer mais as coisas através do silêncio do que com palavras verbalizadas.
Sinto as coisas como quem sonha acordado, sempre imóvel, para poder observar o que sinto e sentir o que observo.
Busco sempre a luz, um raio que seja em uma fresta qualquer...
Abraço-me só, no silêncio da multidão lembrando de uma solidão barulhenta.
Calo-me a dar gritos em mim, apenas com o olhar contra o espelho.
Não reajo às palavras contraditas a mim quando contemplo minha face no cristal límpido, ouço tal silêncio como se fosse uma verdadeira saudação de ondas violentas, de trovoadas abomináveis e de tufões desastrosos...
Meu olhar, quando penetra na luz dos meus olhos, faz-me concluir que sou pernas sem rumo concreto, o abstrato me conduz, pois se afirmo que sou isto ou aquilo sem rumo, estou expondo que sou este que caminha...
Quem caminha não sabe de fato onde chegará.
Por isso afirmo que sou um raiar de dia sem luz, pois nunca saberemos se conheceremos a escuridão eterna ou a luz perene no dia seguinte.
Sou ainda a voz muda que ensurdece todos que me escutarem.
Considero-me um instrumento de uma escala apenas, que não conhece mais de uma harmonia, mas que reconhece que infinitas melodias nos acompanham.
Afirmo por onde passo, e isto sem precisar dizer, que sou o gosto das coisas que não se prova, pois quando passo, as pessoas sentem que ali estive, e consequentemente, permanecerei por lá um bom tempo...
...pois, a memória que sou, é algo que se renova, e ao renovar-se, renova-me também.
Sou, de resto, o recomeço de cada manhã.
Sou a angústia que cessa e que volta, a melancolia que se apresenta e que se vai, a magoa que reacende de vez em quando, a chama que nunca se apaga...
Para mim, sou isto:  “algo que pretendi um dia”.
A luz que nasce por traz dos monte e que repousa no fim do cais...
Sou a rima dos sonetos melancólicos, dos ensaios angustiantes e das estrofes de saudades.
Sou isto que ri, que chora, que soluça e que se engasga.
Sou algo que reproduz, que deseja, que modifica e que se molda.
Sou pessoa humana, poeta, sonetista, declamador e escritor...
Sou o poeta das coisas tristes, alegres, saudosas e distantes...
Nas minhas páginas sempre estou.
Em meus sonetos sempre me ponho.
Algo me diz que represento a mim próprio.
Não posso me definir sem antes afirmar que já sou, e uma vez sendo, serei sempre aquele que enxerga com os olhos da alma e sente com o coração do espírito, que fala com a melodia poética, que escreve com a força de uma onda, que dorme como quem sonha e que sabe que sonhar também acorda.


Fábio de Carvalho
Cortês-Pernambuco, domingo, 05 de fevereiro de 2012.