Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

domingo, 16 de setembro de 2012

Pe. Glauber Alves da Silva, Um divisor de águas à História de Cortês / Fábio de Carvalho

Foto: Fábio de Carvalho - Cortês - PE, domingo, 16 de Setembro de 2012.



 Pe. Glauber Alves da Silva, 
Um divisor de águas à História de Cortês. 

autor / fábio de carvalho

Durante nove anos ausente da comunidade de Cortez, hoje, como um retorno quase que eterno, os paroquianos deste município foram prestigiar a primeira missa do primeiro padre nascido e criado na cidade do rio e das serras, o reverendo Pe. Glauber Alves da Silva.

Se a minha tia Irene Carvalho fosse viva fisicamente, católica do jeito que era, certamente iria até lá levar-lhe uma lembrança singela e de bom grado como sinal de boas novas a este momento histórico do nosso município.

A cidade de Cortez se preparou no sábado, dia 15 de setembro para prestigiar no domingo, dia 16 de setembro de 2012 aquele que abriria o caminho para outros padres filhos da minha amada terra. Desde cedo, anunciou-se logo após a feira livre o fato que estava prestes a acontecer. 

Muitos comentavam que Dona Lica, a mãe do saudoso padre de 29 anos de idade apenas, deveria estar muito orgulhosa por saber que no seu ventre, foi gerado um servo do Salvador. Certamente, ela deveria encontrar-se em estado de graça ao imaginar isso também. 
O domingo surgiu com um sol medonho. Se brincasse, o sol que fez no pico de meio dia daria para esquentar a água do leite. Tudo foi favorável para o evento que marcaria a história de 16 de setembro de 2012 na Paróquia de São Francisco de Assis durante o mandato do impoluto Padre Josenildo Pedro, filho da nossa vizinha Ribeirão. 
Os bancos e cadeiras da matriz estavam todos repletos de fiéis de todas as idades, curiosos, simpatizantes, evangélicos, autoridades constituídas, visitantes, pessoas sem religião, religiosos de outras paróquias e por que não registrar a presença da Irmã Lourdes também filha da nossa cidade, de um encargo tão dedicado e de colheita vasta e referencial?

Todos que ouviam eram agraciados com a voz daquele que fazia nascer em 16 de setembro, novos conceitos de religiosidade íntima, novas maneiras de enxergar o ato de fé e de dedicação, pois diante de um fato histórico como aquele, foi possível ver em nossa Cortez, o surgimento de mais uma graça, aquela que seria o divisor de águas para com a realidade de fé e de exemplo Cristão em nosso município, pois se por um lado, segundo o relato popular, em tempos distantes, o saudoso Frei Damião não pisou em nossa terra por ver nesse chão duas cruzes de sangue em frente a matriz da nossa cidade, por outro, em anos posteriores – o presente – nós cortesenses vemos o nascimento de um padre ungido palas mãos de Deus através do Bispo Dom Genival na cidade de Palmares dois dias anteriores, precisamente em 14 de setembro. 

A expressão do Frei talvez tenha sido mal interpretada, pois o coração jamais nos priva de sentir aquilo que ele nos transmite. A minha tia Irene Carvalho me falava em domingos de conversas, que as cruzes de sangue citadas pelo eclesiástico que muitos falavam que era o sangue da violência que pairava em nossa terra, eram duas importantes figuras religiosas de Cortez, onde uma já existia e que a segunda ainda viria para fechar o primeiro ciclo de bênçãos da comunidade católica cortesense, ou seja, o divisor de águas da profissão de fé. 

Cortez viveu mais essa experiência. Não foi como os tempos antigos, que as cidades festejavam com imensas mobilizações a ordenação de um ou de mais um padre, mas como o tempo muda e as pessoas mudam com ele, Cortez também mudou quando sentiu que aquele garoto que brincava de ximbra e de salta-degraus na escola Mário Domingues, que estudou nas escolas Andréa de Aguiar e no Abigail Guerra, como ele fez questão de citar, que chorou ao agradecer a mãe por ela ser tão bondosa, enfim, que despertou a sua certeza de fé quando aos 20 anos percebeu seu interesse em ser um Sacerdote de Deus e do povo, ao viver experiências nos grupos de jovens da paróquia, o JURAC, o Coral Irmãos de São Francisco, a Legião de Maria.

Com certeza, a bênção que faltava para Cortez foi concedida por Deus no dia 16 de setembro de 2012 quando o filho da terra retorna com seus “paramentos ungidos” pelo Criador para demonstrar seu exemplo de comunhão e que fez questão de dizer que é venturoso por ser de Cortez. 

Hoje, Cortez vive seu renascimento, sua nova vida, completando assim, idade nova nas datas de 29 de dezembro, dia e mês da sua emancipação política (em 1953) através do senhor José Valença Borba e hoje, 16 de setembro, dia que ressurge em nossa cidade sua nova etapa, pois esse fato histórico foi permitido por Deus através dessa divina bênção que foi conceder a comunidade de Cortez o padre filho daqui: Revdo. Pe. Glauber Alves da Silva. 


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Relato de Josivaldo Barreto: "Fazia mais de 10 anos que eu não assistia a uma Missa"

Cortez – Pernambuco, domingo, 16 de setembro de 2012.

domingo, 2 de setembro de 2012

construindo e reconstruindo / fábio de carvalho


Meu lar original. 
Casa de Tia Irene Carvalho (*1º.05.1918/+16.05.2008) onde residimos e onde permaneço. 

construindo e reconstruindo / fábio de carvalho

Pela visão da casa, a velha-nova casa que por muitos anos residi com minha amada tia Irene Carvalho, reconstruo um passado zeloso, onde por vezes, comparo a evolução das coisas com a diferença notória do ambiente. Reconheço que cada época merece o ritmo natural baseado no percurso traçado, contudo, aceito a história mais remota de minha época com minha segunda mãe, época onde me desvelei com o modelo invejoso de criação, visto que por naturalidade individual que era da alma de minha conselheira, adquiri muitos traços genéticos internos, haja vista, sendo sessenta e seis anos mais velha do que eu, idade que jamais pré-julguei tradicional, demonstrava em conversas aconselhadoras sua maturidade moderna e pós-moderna. Boa parte da minha formação resume-se aos momentos vividos à Avenida São Francisco. Desde menino, me vi preso àquela “velha” de uma maneira mui especial. Quando se veste uma roupa apertada logo se nota a diferença, pois era assim que eu me sentia quando não fazia uma visita a minha amada e singular tia... Mudei-me! Fui morar com ela; dei-me conta de que deveria escrever boa parte da minha história ao lado da mãe adotiva de não sei quantos sobrinhos. Fui mais um. Acredito que, sendo eu o ultimo a ir morar com ela por livre e espontânea vontade, ocupei o lugar de décimo oitavo. Assim fiz, e, não me arrependendo de minha decisão, hoje me encontro no recinto da minha infância. Casa modificada é bem verdade, mas não há acordo nenhum para apagar as lembranças vividas neste lar. Algumas posso afirmar, que são revividas, talvez por muitas vezes, observar a posição dos quartos, o quintal que ainda possui uma percentual originalidade, e os vizinhos dos dois lados... A época mudou. Muito suor derramado para reconstruir um novo lar no lar original. 

“Incrível a asa do tempo, que afasta de nós o que mais amamos. Porém, mais incrível é a asa da saudade, que conserva na memória os passos de outrora que explicam nosso presente”.

Saudade inexplicável...


Cortês-Pernambuco.
Domingo,18 de Janeiro de 2009.