Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

domingo, 18 de março de 2012

as respostas do tempo / fábio de carvalho (17/03/2012)


"Nas margéns que ainda não caminhei espero ver-te algum dia...
Catando folhas secas...
Observando uma onda que se dissolve...
Ao relembrar situações, ponderações, nossos fatos não consumados..."
                                                                               Fábio de Carvalho



as respostas do tempo / fábio de carvalho

O tempo me surpreendeu com uma das suas surpresas.
Fiz-me algum tempo de ingênuo.
Com certeza todos nós guardamos algo de criança dentro da gente.
Ao destino eu nunca atribuí algo que muitas vezes dependeu de mim.
O destino é o meio pelo qual nós nos encontramos atados, ligados inseparavelmente.
Percebendo isto, não pude aceitar algumas coisas que só dependia de mim e deixei que fosse...
Você sabia o quanto representava algo mais forte.
Nada nem ninguém sonha o que de fato nos aflige.
O correio do destino é o tempo, onde as feridas não cicatrizadas, inflamam através das lembranças.
Jamais pude perceber que minha memória fosse tão perfeita para guardar lembranças.
O coração que suporte tantas palpitações.
O que deveria ocorrer de fato?
Nem você nem eu saberemos a resposta...
O que nos mantêm vivos são os dias que chegam...
...os dias que se vão...
Eu me vi preso ao teu tempo como ele próprio está para o destino.
Perguntei-te se desejavas ir...
Teu silêncio respondeu.
Imaginei que falarias, mas teu olhar disse tudo...
O que imaginar de alguém que fala com os olhos da alma?
Nosso coração interpreta perfeitamente as respostas produzidas pelo brilho luminoso das retinas...
Caberia a quem de nós mudarmos o rumo das coisas?
Se existe culpado, não o encontro...
Afinal de contas, nós sempre nos curvamos perante os nossos anseios, as nossas saudades, os nossos sentimentos de espera...
Não me surpreendi com o desatar do laço;
Você puxou de um lado enquanto eu segurava do outro.
Foi tão leve o desprender de destinos...
Ao desatar senti um leve sopro de dor...
Meu coração me faz sentar e repensar coisas sobre o tempo.
Minha memória recapitulou coisas que eu não mais imaginava.
Fostes e ainda és aquilo que sei que és.
Cada amanhecer me relembra as nossas asas batendo e voando para lados opostos.
Creio que se voarmos o mais alto que pudermos, em circulo, um dia, nos encontraremos novamente.
A palavra que me restou foi aquela mesma do silêncio dos teus olhos...
O que faltou em gesto foi o continuar dos olhares retos, cruzados um no outro.
O que ficaram foram lembranças singulares, onde não se encontram em qualquer pontal, qualquer caravela...
Jamais pude imaginar que o desencontro fosse desenhar esse destino tão doloroso, porém, tão satisfatório...
Nas margens que ainda não caminhei espero ver-te algum dia...
Catando folhas secas...
Observando uma onda que se dissolve...
Ao relembrar situações, ponderações, nossos fatos não consumados...
Talvez a tua vontade seja outra.
Talvez o teu querer tenha mudado...
Mas sei que quando me veres, tudo voltará ao que era...
Tudo será como antes...
Tudo mesmo...

Cortês – Pernambuco, sábado, 17 de março de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário