Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

segunda-feira, 18 de junho de 2012

penso coisas... / fábio de carvalho (18/06/2012)




penso coisas... / fábio de carvalho


Penso que preciso de uma rosa, não importa a cor, o que importa é que ela seja doce como sua maciez e que me advirta com os seus espinhos.
Penso que necessito de uma noite assim como careço do dia, na mesma medida, no tempo ideal, onde a importância maior é que antes do dia eu viva a noite com a esperança de enxergar o dia que se prepara e com a mesma expectativa de poder viver o dia presente, a espera da noite que se aproxima.
Penso as vezes que não preciso mais de nada.
Sonhei em ver o nascer do sol tantas vezes...
Perdi a conta de quantos horizontes pude ver.
Talvez eu não mais precise ver horizontes.
Talvez eu precise de coisas mais diferentes e abstratas, que me faça sentir aquilo que não compreendo e viver coisas que não espero.
Penso ainda que necessito mais da natureza do que mesmo das pessoas que me rodeiam, pois sendo eu eterna solidão nos meus porões literários, me revisto de um livro que nunca foi lido e que jamais será conhecido.
Penso que em situações de amargores indissolúveis, a minha alma necessita mais do chão da terra do que das nuvens dos céus, pois ao menos posso tocar o chão, e o céu só posso sentir quando o contemplo.
Penso que as minhas mãos não mais necessitam de lápis, que meu espírito poético não necessita de novos encontros com a natureza para nutrir-me de novas inspirações, que a minha nuca não necessite do meu velho coçar vicioso e que as minhas pernas não acham conveniente poder caminhar pelos mesmos lugares...
Penso que preso a ideias de lembranças, estarei tentando reviver meu passado sofrendo duas vezes, ou sendo feliz duas vezes, onde na calada da noite, esse vicio se repete trazendo-me novas velhas lembranças...
Assim, sofro duas vezes mais do que as duas primeiras vezes, sabendo que as minhas lágrimas, quando escorrem, deslizam por novas fendas do meu rosto, enclausurando assim a minha vaga felicidade.
As minhas lágrimas escorrem como se um riacho escorresse diante de mim, em busca do esvaziamento de si mesmo ou do encontro de novas águas.
Penso que represento muito para mim, ainda...
Pensando isto, acredito que quando eu me for, sentirei saudades de mim como a primavera sente falta das flores ou como a aurora e o ocaso sentem falta do sol e da lua, que diante um do outro se cumprimentam no espetáculo do cruzamento do dia noturno e da noite diurna.
Não sei se me faltam palavras para pensar que talvez eu necessite de novas palavras para escrever, de novos cenários naturais para contemplar, de novos caminhos para trilhar, de sonhos incomuns para meu mundo surreal e distante daquilo que todos veem ou acreditam que veem...
As minhas aspirações, todas elas, são metamorfoses que me fazem sentir algo que nunca soube que iria sentir...
É por isso que nos meus porões literários, escrevo páginas submersas, frases alquimistas que só eu às vezes compreendo, pensamentos de extrema escuridão luminosa, pois só os olhos da alma podem enxergar, convicções não tão definidas e definições extremamente imperfeitas ao ponto de eu querer reinventar meus escritos sempre que acho por bem...
Talvez as minhas vontades sejam coisas adequadas para manchete de página de jornal vencido ou de horário político ideal...
Mas creio com toda a força de uma formiga que ergue seu peso por volta de cinquenta vezes, que se eu pensar que não preciso mais de mim, a minha saudade das coisas que não me fará tentar recriar o meu legado como faz o tempo, os dias, o destino...
Espero pelo tempo...
Ele me traz todos os dias pela mão e me entrega com o sol, com a lua...
E assim vai tecendo o meu destino...


Cortês - Pernambuco, segunda-feira, 18 de junho de 2012.

6 comentários:

  1. Incrível Fábio!Maravilhoso texto,seu mundo interior é fantástico!Rendo-te letras querido amigo!Sua mente está se ampliando,estas mais lúcido e sereno!Parabéns!

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  2. Parabéns por tua sensibilidade, Fábio. Tua escrita é cheia de emoção.

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  3. Obrigado Gil Façanha! Quem escreve, quem tem na alma o espírito literário, sabe que tuas palavras são sinceras... Um abraço de luz pra você!

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  4. Através do pensamento e da alma,é permitido a você traçar o que atinge a alma das pessoas, és um grande artista, parabéns !!!! pelo seu belíssimo trabalho que ajuda a tocar no ego das pessoas.

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  5. Pois bem Elaine; A cada nova leitura uma interpretação da alma.
    Um abraço!

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