Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

terça-feira, 10 de julho de 2012

o pão da terra... / fábio de carvalho (10/07/2012)




o pão da terra...  / fábio de carvalho

...e no meio de tanta terra
Pensei: __Como pode?
Em um útero não cabe tanta terra!
Creio que quem possui tudo que vejo,
ou explorou ou ganhou na “mega-sena” da vida.
Mega cena aquela que pude contemplar.


Pessoas dizendo __ “Isto é meu”.
Outros dizendo  __ “Mais isto aqui é meu...”
E a paisagem vai se formando.

Prédios de solidã,
Luzes de obscuridades nas metrópoles,

Carros andaluzes sem destino louvável,
Capital da covardia e das visões imperfeitas.

Pude ver muito mais coisas...
Vejo sempre coisas quando leio e releio pensamentos transformados em poemas,
em literatura...


Ainda assim consigo enxergar as banalidades sequiosas como coisas naturais:
__Uma planta que morre por falta d’água,
uma criança que morre por falta de comida,
um filho que enlouquece aos poucos pela falta de aconchego familiar...
...prostíbulos sacerdotais e injúrias desafetas contra as imperiosas e leais elites dos prazeses dos pecados capitais.

Luxuria de prazeres que parte dos olhos e culmina com a arrogância em comer até estragar.
Muitos jogam as migalhas da sua condenação.
Cada rato humano se dissipa de acordo com a falta de um saneamento digno.
Mas não!
Me engano...
Os ratos se proliferam a cada dia.
Não veem?!!!
Contemplem os saneamentos a ceu aberto.
São os retratos da covardia daqueles que comandam o país.
Nesta terra onde a Democracia reina dentro das casas dos DONOS dos partidos políticos.

Nossas crianças crescem vendendo seus votos ou trocando por comida.
Cada livro doado é a imprecisão covarde daquilo que nunca desejam ver acontecer como o futuro do nosso povo.
As piabas abrem suas bocas e fecham.
Graciliano Ramos transcreveu tal cena quando fez “Baleia” – a cadela de estimação da família – saciar a fome daquela pobre e infeliz linhagem sertaneja do Brasil.
Quantos Gracilianos ainda existem?
Quantos são vistos e reconhecidos?
Quantas “Baleias” de terno sentimento e retrato fiel do nosso país?

Por quê será que devem existir tantas “Baleias” por aí?
Quantas famílias das “Vidas Secas” ainda existem por aí, por aqui?.
Por quanto tempo veremos estas paisagens?
...estas “Baleias”?
...estas famílias?
...estes covardes?


Cortês – Pernambuco, terça-feira, 10 de julho de 2012.

Um comentário:

  1. Meus aplausos Fábio!Nossa como me identifico com os seus textos,escreve meus sentimentos com suas palavras e louvo todas elas!Adorei que citou Vidas Secas,Graciliano certamente foi um de nós...E como nós percebia a fome e a ostentação,os políticos corruptos e as "Baleias",as famílias,os automóveis,as crianças e os covardes!Rendo-te letras Fábio!Parabéns querido amigo!

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