Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

quarta-feira, 28 de março de 2012

das intenções e das vontades / efigênio sampaio (Autor:Fábio de Carvalho) - (Esta é uma das características de Efigênio Sampaio, meu Heterônimo mais Fiel) (22/03/2012)

“Quisera eu, andar por aí, descalço e maltrapilho, sem botas polidas nem vintém de ouro. Melhor isto do que viver, e um dia, olhar para o próprio passado, e indagando o próprio destino, se perguntar o que foi que eu fiz e o que eu deixei brotado de mim... A Literatura é a minha semente. Tenho muitas sementes literárias. Por onde passo planto um bocado delas...”  efigênio sampaio (heterônimo de fábio de carvalho)


     

das intenções e das vontades / efigênio sampaio (um dos meus heterônimos - Poema do livro: O Lavrador do Mundo, terceira parte "Poemas Eméritos" (Efigênio Sampaio, ou simplesmente, Fábio de Carvalho)


Quisera eu, poder enxergar além dos horizontes luminosos com um rubro olhar. Antes isto do que acreditar na luz própria sem sequer carregar um raio de amanhecer que me faça renascer após o cair de cada aurora.

Quisera eu poder correr sem a pressa do vento que devasta. É preferível andar devagar do que no alvoroço, tropeçar e cair em tombo mortal e não ver o sonho consumado e merecido.

Quisera eu nadar em oceano de lágrimas de lutas do que me banhar com água de fonte pura à custa de quem não soube o que foi sentir o frescor de gotas de orvalho que nos surpreende quando a brisa balança as folhas sem propósito algum.

Quisera eu poder curva-me aos caprichos daqueles que buscam na deslealdade a ascensão. Isto antes do que erguer-me no altar dos ricos em posses e poderes e não carregar nos ombros a dignidade de quem soube que a vida ideal é aquela que idealizamos para nós sem a mancha do ato sujo e insignificante.

Quisera eu poder falar com a voz do silêncio, nas madrugadas de insônia, palavras mudas que apenas eu escute. Melhor silenciar do que proferir lamentáveis vocábulos que nos iguale aos que dizem que às palavras não cabem limites.

Quisera eu ser um miserável, esfarrapado e incapaz; debilitado pela tristeza e pelo sofrimento. Antes isto do que arruinar com palavras ou gestos o sonho daqueles que por força, traçam suas metas nas trilhas dos seus sonhos, das suas idealizações serenas e admiráveis.

Quisera eu ser o pó que o vento leva, o lixo que a chuva encaminha para os saneamentos ou o fungo que empesta a plantação. Ao menos sendo o pó, fui algo próprio, de mim mesmo; e sendo o lixo, não quisera que ninguém o fosse, o tratando como tal... E sendo o fungo, não faria de ninguém um verme ou parasita com palavras malditas e impróprias.

Quisera eu, andar por aí, descalço e maltrapilho, sem botas polidas nem vintém de ouro. Melhor isto do que viver, e um dia, olhar para o próprio passado, e indagando o próprio destino, me perguntar o que foi que eu fiz e o que eu deixei brotado de mim.

A Literatura é a minha semente. Tenho muitas sementes literárias. Por onde passo planto um bocado delas.

Cortês – Pernambuco, quinta-feira, 22 de março de 2012.
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Para quem não sabe do que se trata um Heterônimo:
Personagem fictícia, criada por escritores (como o caso de Fernando Pessoa), cujo objetivo é tentar compreender e propagar diferentes maneiras de ver a realidade exterior/interior, tentando manter distância da visão da realidade ortônima.
Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis são famosos heterônimos de Fernando Pessoa.

Efigênio Sampaio, Luís Fernando Calado e Miguel Alberto de Albuquerque. são Heterônimos do poeta Fábio de Carvalho, este que vos escreve. 

2 comentários:

  1. Queria meus inimigos,queria meus amigos,queria tão exaltadamente meu amigo...E todos os sonhos voltados pra dentro do universo onde verso meu sentimento.
    Quisera eu espiar a janéla sem paisagem,o tempo sem memória...O que quer dizer memória?O que significa o tempo?Se todo meu ser sofre da solidão que sinto?


    Fábio o quer ser já o é!Todo esse apanhado de sentimentos e angustias e procuras são refelxos do teu ser em si,assim despido de tudo com que te vestiram ...É um nobre espirito!Acredito cada vez mais que pertencemos um dia a mesma tribo e sofremos as mesmas afrontas e hoje ainda sentimos as mesma dolorosas contrações da mãe em parto...Mas quando pudermos enfim renascer seremos livres e plenos!Admiro -te meu anjo cada vez mais.A união que tens com o universo que um dia escandalizou o mundo,hoje te liberta pouco a pouco...Parabéns!Curvo-me novamente em reverencia a tua sensitiva escrita!

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  2. É por meio das palavras que alivio muito daquilo que sinto sem saber o que é, que busco sem de imediato saber a direção e que faço com o prazer de que pessoas iluminadas como você possa sentir um pouco das imagens interiores do meu ser; Sejam desta vida, sejam de outras vidas... Gratidão sei regar. Sou grato a você Claudia, pelas palavras de PAZ RENOVÁVEL...

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