Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

terça-feira, 13 de março de 2012

fins de tardes / fábio de carvalho (13/03/2012)

...vejo de longe, do pontal, a onda se curvando.
...vejam só! ...é maravilhoso observar uma onda curvar-se.
...até as ondas se curvam...”

                                      Fábio de Carvalho

fins de tardes / fábio de carvalho


Ontem no final da tarde, o lilás no pontal do cais me fez lembrar, imaginar o tempo...
Interessante: o tempo passa...
Não percebia que aos poucos o lilás ficava escuro, negro...
Quase pude sentir a essência do fim daquela tarde.
Que tarde triste!
A tristeza não representa muito para mim nesta vida.
Não dou muita importância a este sentimento que brota da alma.
Já estou acostumado com despedidas, saudades, ausências, ingratidões...
Do pontilhão, de bruços, percebi no além-mar uma Náu quase sem rumo.
Sem rumo estava eu ou talvez meu olhar.
Quase nunca percebemos que a distância muitas vezes apaga aquilo que desenhamos com tinta de sangue.
Creio que não errarei quando o que me for encaminhado me chegar às mãos... Saberei cuidar e apreciar.
Coloco-me sempre a disposição de mim mesmo quando o assunto é observar, sentir, fechar os olhos para buscar algo que se foi.
Meus olhos já falam aquilo que penso.
Minha face já mostra as cicatrizes do destino.
Minha alma reconhece e me diz que as chagas do espírito me são necessárias.
Não me comprometo em fazer algo que não seja meu.
O que me é de posse são meus pensamentos, minha visão pessoal, meus sentimentos distantes e secretos.
Vejo de longe, do pontal, a onda se curvando.
Vajam só! É maravilhoso observar uma onda curvar-se.
Até as ondas se curvam...
Por que não nos curvarmos em situações tão pequenas, simples?...
Por que resistir ao que nos é próprio e estar-nos distante?
Logo, logo as ondas de diluem!
O tempo de vida de uma onda é muito curto.
Fração de anos luzes.
Quando aquela onda se desfaz, logo vêm outras...
As outras ondas não são as que vieram.
As ondas são os únicos “seres” da terra que só nos visitam uma vez.
Levantam-se, e ao caminhar em direção qualquer, se esvaem.
Não sei bem se as ondas são espíritos de luz que nos visitam de quando em vez.
Ao observá-las com os olhos do coração, concluí, certa vez, que a vida passa como tais ondas, que logo depois de se levantarem, caem por águas...
Sinto com o coração do meu espírito que devo observar mais e mais em fins de tardes o lilás que a natureza produz; o sol indo, de leve, pedindo licença ao cumprimentar a noite que vem delicadamente.
Sinto ainda, que devo sentir tudo que me fora escrito sentir...
Mesmo que o que me vier ao coração, seja de essência melancólica, de natureza angustiante, de profundeza triste, de mágoa interior...
Corri tanto para chegar onde agora estou.
Confesso que meu olhar é mais distante do que ontem.
Ainda assim desejo ver muitos fins de tardes...
...do cais...
...da minha janela...
...de olhos fechados...
...de alma, de alma...


Cortês – Pernambuco, terça-feira, 13 de março de 2012.  

2 comentários:

  1. Que maravilha de ler,que alma imensa você tem!Acredito definitivamamente que trouxe mágoa,angustias de outra existência,coisas que ficaram gravadas no teu perispirito,e se angustia a ponto de ouvir a tristeza cantando,ao mesmo tempo evoluiu e aprendeu a sorver da natureza as maravilhas e essencia dos fluidos benéficos.Acredite!Está no caminho certo!Sua alma está te revelando o caminho que te levará ao encontro do teu sonho maior,pra junto dos que te são iguais.Revenrencio te Fábio!Parabéns sempre!

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  2. De dentro pra fora... Sempre de dentro de mim Claudia, saem estas palavras. E se saem de dentro, são do espírito...

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