Poeta Fábio de Carvalho Multiartista Pernambucano

terça-feira, 14 de agosto de 2012

eu deveria saber... / fábio de carvalho

Foto: Fábio de Carvalho - Acervo Pessoal.


eu deveria saber... / fábio de carvalho


Quando eu percebi que a maré havia baixado, o sal das águas já havia ressecado meus pés.
Percebi que meu olhar estava um tanto quanto desatento.
Não lamentei o beijo perdido da última onda naquela tarde, lamentei ter sido desatencioso.
Vi que não poderia voltar atrás e conclui que muitas ondas viriam novamente, menos aquela. 
As ondas são eternas reconstituições.
As ondas diluem-se e no encontro com águas dispersas, formam-se de novas gotas, de essência talvez singular de segundos de vida, apenas...

Eu reconheci as minhas imperfeições naquela tarde.
A falta de atenção, a primeira delas.
A chegada de um vazio me fez reconhecer que somos cheios daquilo que nos debilita e nos descaracteriza.
A maior de todas as imperfeições identificada em mim por mim naquelas horas derradeiras da tarde, foi o meu desprendimento próprio para com as coisas naturais.

Cada um pode buscar em si aquilo que nos deixa de lado por nós próprios.

Observei que antes do sol ir-se para um lugar qualquer, ele beijou o mar.
O mar acenou com o braço da onda sorrindo espumas da cor da paz.
Da orla eu me via sozinho...
...onde o mar, talvez vilipendiado, na inquietação de maré baixa, lembrou-me de várias coisas que eu deveria saber...
Uma delas foi à importância de enxergar as coisas ao meu redor. 

Cortês - Pernambuco, terça-feira, 14 de agosto de 2012.

4 comentários:

  1. belo "Eu reconheci as minhas imperfeições naquela tarde.
    A falta de atenção, a primeira delas.
    A chegada de um vazio me fez reconhecer que somos cheios daquilo que nos debilita e nos descaracteriza.
    A maior de todas as imperfeições identificada em mim por mim naquelas horas derradeiras da tarde, foi o meu desprendimento próprio para com as coisas naturais."

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  2. Este trecho é fantástico: "Observei que antes do sol ir-se para um lugar qualquer, ele beijou o mar.
    O mar acenou com o braço da onda sorrindo espumas da cor da paz.
    Da orla eu me via sozinho..."

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    Respostas
    1. Cada vez que releio esse poema Mery, uma emoção nova renasce; Daí me pego, logo, a escrevendo novamente!
      Obrigado por dispor do seu precioso tempo lendo meus (nossos) poemas...

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  3. Cada vez que releio esse poema Mery, uma emoção nova renasce; Daí me pego, logo, a escrevendo novamente!
    Obrigado por dispor do seu precioso tempo lendo meus (nossos) poemas...

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